biography
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Vão como vento

[texto folha de sala da exposição “O vento, sim, o vento” de TAF na GAleria Presença]

Desde que o vento me sopra na face,

Velejo com todos os ventos.

Friedrich Nietzche

Inane, 

vão, 

passa em todo o lado. 

Dizemos invisível, mas apreendemos os seus efeitos nos mais minúsculos movimentos das coisas. 

Movimenta o mundo, dá-lhe vida: basta imaginar esses voos silenciosos das sementes aladas, no seu inefável negócio da dispersão; e as ondas do mar?

E os tufões, furacões e ciclones… tanta energia! 

O vento. 

Perceber o vento é entrarmos num vertiginoso hiato que vai do sopro que apaga a vela, à rajada que tomba a árvore; do frémito ar nas frestas das janelas ao bramido das tempestades.

Que ventos sopram (d)os desenhos da Teresa? 

Que desenhos trazem os ventos da Teresa?

Que imagens emergem do índigo depositado na superfície do papel? 

Que sons nos perfuram dos gestos frenéticos com escova d´aço?

Que silêncios precisamos para os escutar?

Milhares de sulcos, rápidos arranhões, mergulhos, torções, rasgos, infindáveis injúrias à vulnerabilidade do papel que….

ainda resiste….

O desenho como a vida, no fim, é o que sobra e ainda permanece:

riscos,                                               

manchas,                                                     

partículas de terra e                     

pedacinhos de plantas que… 

…. irão com o vento…

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