Espaço Ilimitado
“Bafo de Peixe, sem espinhas!”, Bruno Rajão, Fev-Abr, 2011
“Maria Amélia”, Rita Medinas Faustino, Mai-Jun, 2011
“Enquanto o homem dorme a lombriga come”, Rodrigo Neto, Jun-Jul, 2011
Quarto Escuro
“To be invisible”, Hugo Almeida Pinho, Fev-Abr, 2011
“Turf Toe”, Maria Luisa Abreu, Mai-Jun, 2011
“Antroid”, Ruca, Jun-Jul, 2011
“Numa releitura de um livro deixei-me preocupar por esta ideia: existe uma cosmicidade de enunciados que por forças, provavelmente explicáveis, nunca chegam a ser parte integrante da história, das grandes narrativas, esvaziando-se no seu sentido por não se constituírem enquanto conhecimento. Discursos que tendem ao anonimato ocupando interstícios entre os grandes monumentos discursivos, rumores submersos que nunca chegam à tona, enunciados que se apagam desprovidos de visibilidade. Podemos dizer, com os pés insastifeitos no chão, que existe uma espécie de história paralela por fazer, uma história dos sucessos fugidios, dos autores inconfessáveis, da palavra calada, das narrativas incertas (certamente) de fronteiras mal desenhadas, sem orientação precisa ou fixa. Tal livro foi escrito por Michel Foucault que o intitulou “Arqueologia do saber”.
Quando o João Baeta me convidou para organizar um ciclo de três momentos expositivos que englobariam dois espaços (Espaço Ilimitado e Quarto Escuro) fiquei como que encostado à parede, nunca tinha sido responsável pela programação de um espaço, nunca almejei ser comissário nem curador nem nenhuma dessas coisas. Mas, enquanto artista, sempre me interessou ver e aprender com o trabalho dos outros, sempre fui curioso por aquilo que vai inquietando os meus pares. Impulsionado por esta honesta curiosidade, decidi assumir a responsabilidade com um único objectivo: convidar artistas que embora tivessem (após as salas de aula) imigrado forçosamente para lugares menos visíveis, continuavam apaixonadamente a bulir, quase por necessidade visceral, mantendo um rumor lateral que me espicaçava a curiosidade.
Bruno Rajão, Rita Medinas Faustino, Rodrigo Neto, Hugo Pinho, Luísa Abreu e Ruca aceitaram amigavelmente o desafio.
Agradeço-lhes a dádiva.”
Samuel J. M. Silva | Porto, 20 Janeiro de 2011